segunda-feira, 23 de julho de 2012

O REI ESTÁ NU



Difícil agradar a todos durante todo tempo. Daí a imperiosidade de variar assuntos, com alternâncias entre lirismos e enfoques polêmicos. A atualidade política me faz, por vezes, perder a paciência e verberar sobre pérfidas colocações. “Si hay gobierno, soy contra!”, frase de conotação anarquista, transmissiva de revolta contra engodos, corrupção, desigualdades e malversação de verbas. Situacionistas relevem a denúncia, mas há tanta coisa errada no trato da coisa pública que é imperdoável calar. Decepcionada com o pífio desempenho do PIB, cujos parâmetros dão a medida exata do desenvolvimento pátrio, a Presidente sofismou, dias atrás, procurando minimizar o retrocesso da economia. Tergiversou, ao afirmar que o importante é a preocupação com as crianças e adolescentes... Ora, tenham paciência, a ninguém é lícito ignorar que os nossos índices de mortalidade infantil se equiparam aos dos povos mais atrasados do mundo! Meninos de rua ao relento, sem escola, drogados, vivendo nas sarjetas! Ensino público, um descalabro! De nada adianta brandir com o ludíbrio, propalando inverdades, quando a realidade salta aos olhos, gritante, escancarada, colocando a nu o nosso doloroso estado de penúria e miséria social. Indago, enfatizando o despropósito da contradição: como compatibilizar o incremento da educação e o necessário amparo assistencial devido à infância, com a absoluta carência de recursos e finanças combalidas?

quarta-feira, 18 de julho de 2012

JUÍZO FINAL



Tarde gris, clima hibernal, pensamento vagando ao embalo das frias ondas do mar. Recessão, folhas levadas pelo ruflar do velho vento vagabundo. O Inexorável ciclo do tempo a transmudar cenários nas deslumbrantes telas da criação. Esmaecer da genialidade artística, sublime obra da geração espontânea do universo, pincelada em matizes de cores, rutilâncias e resplendores então realçados por refulgentes luares e clarões de sol. Lástima que o homem não saiba valorizar os encantos dessa moldura! Os reluzentes coloridos da natureza jazem desbotados e pendem para o cinzento, não só pela invernia, como, também, por efeito da devastação das matas e poluição dos rios. Sintomática imolação das pequenas coisas que alegravam nossa existência em noites cálidas de verão, já não mais iluminadas pelo poético cintilar de vagalumes. Cigarras calaram o estrídulo do seu belo cântico matinal ou crepuscular! Também os sabiás emudeceram os afinados gorjeios musicais que davam alvíssaras ao nosso despertar! São premonitórios de um futuro sombrio, prenunciando tormentosos flagelos e calamidades. Todavia, é tempo ainda de exorcizar esse lúgubre panorama através da premente erradicação da miséria e da obtusidade de uma população entorpecida, que chafurda no lixo e persiste na criminosa sanha de destruição da flora, num flagrante atentado à preservação das espécies que habitam a natureza.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

MACHISMO, ASCENSÃO E QUEDA





Origem patriarcal revela o homem primitivo dedicado à caça e pesca; a mulher voltada para o plantio e cuidados com a prole. A evolução forjou a vida citadina, a industrialização e o sedentarismo. Homem enfraquecido, terno e gravata, automóvel, confinado em paredes. Vitoriosas as mulheres na luta pela igualdade, a ombrear com o macho em todas as atividades. Advento do matriarcado: a Presidente da nação com a sua corte ministerial, mais lideranças do “sexo frágil” também no panorama internacional. Vertiginoso o ritmo ascensional da pujança feminil! Tanto que, décadas atrás, nossa lei civil considerava a mulher relativamente incapaz, equiparada aos silvícolas! Hoje desvestida dos femíneos atributos, agora de cabelos curtos, calças compridas, independente, com músculos de academia! Ao revés, o homem se apresenta menos másculo, fala fina, brincos, bolsa a tiracolo, corpo liso e depilado. Ciência aperfeiçoando a reprodução in vitro, a desbancar o macho da sua primordial função de fecundar a fêmea através do sêmen - fonte e manancial da vida. Resta a nós, recalcitrantes em debandada, melhor apego à decadente virilidade, convictos de que as fêmeas, por demais inteligentes, jamais cogitarão de substituir a injeção fecundante pelo inefável prazer peniano...