segunda-feira, 28 de junho de 2010

OS SEIOS DE JOANA


Conforme proposta alinhavada no texto anterior, aqui estou de volta para nova abordagem, agora cravada em tema bem mais ameno e reputável como sendo do agrado geral, porque enfocado na melhor coisa do mundo. Qual? Chocolate, não! Refiro-me à sexualidade amorosa, isenta de pornografia e descrita com fraseado elegante, floreado com pinceladas de luxúria e desvestida de intenções pecaminosas ou disseminadoras de práticas promíscuas. Para comprovação desse desiderato e com propósito elevado, valho-me da oportunidade para divulgar trechos ou lineamentos do meu próximo livro "Os Seios de Joana" - Contos Eróticos e Picarescos, com lançamento previsto para julho p.vindouro, cuja leitura é recomendada somente para adultos. Aqui vai, transcrito, ipsis literis, tópico figurativo integrante da contra-capa da obra, verbis:
"Dito isso, e para espanto dele, ali no sofá,
de pronto Dulce se colocou de pé, à sua frente,
e lentamente iniciou a desabotoar e entreabrir
as lindas vestes que trajava, expondo-se para
ele inteiramente nua, sem calcinha e sem sutiã.
Esse inesperado ritual de fetichismo culminou
por escancarar a esplendente beleza de um corpo
escultural. Palavra de honra: Hildebrando nunca
havia contemplado formas tão perfeitas, contornos
tão belos e curvilineos, ante a fantástica visão
daquela genitália, daqueles balouçantes seios ,
ornados por auréolas de rosácea coloração!
Diante da fulgurância daquelas libidinosas formas,
daquela pele resplandecente, daqueles alvos peitos
empinados para ele, da maciez daquelas ancas, das
pernas e coxas bem bronzeadas, daquela voluptuosa
fenda,Hildebrando hesitou, titubeante. Todo aquele
esplendor à sua frente,a um palmo das suas garras,
da sua boca e dos seus dentes...
"Valha-me Deus!"(gemeu).

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O CANECO DO MUNDO


Véspera de copa do mundo, bestialização do povo! Não se fala em outra coisa, como se o evento esportivo se revestisse do maior acontecimento terráqueo. Não se pode mais ler jornal, assistir televisão ou escutar rádio. A cantilena é sempre a mesma e repetitiva, batendo na mesma tecla, com variações em torno do mesmo tom. É a mesmice, o monocórdio, o rotineiro elevado aos píncaros da estultice. É o circo multiplicado à quintessência do absurdo.Meros chutadores de um balão de couro, cuja maioria é constituída de criaturas pensantes só com os pés, ao invés da cabeça, guindada à categoria de heróis nacionais! Enriquecidos e já distantes e olvidados da pátria, à custa de contratações milionárias, mas endeusados com mesuras e tratamento só dispensáveis a soberanas majestades. Apedeutas, na verdadeira acepção do termo, cujas enfadonhas estrevistas soam como elogio à mediocridade. Em contrapartida, à falta de assuntos de maior relevo, somos obrigados a acompanhar, no dia-a-dia, a "preocupante" diarréia do fulano, a indisposição estomacal do beltrano ou a distensão muscular do sicrano, seguidas do dilema atroz: será que poderão atuar nas contendas aprazadas? É o reinado da insensatez a batalha campeira a ser travada. No destemperado e alienante entrechoque de empurrões, chutes e canelaços - verdadeira guerra campal - são atiçados países, cujos representantes haverão de se digladiar e se esbater, com fúria canibalesca. Enquanto a turba, enlouquecida, aos bandos acorre sôfrega aos estádios, em balbúrdia descomunal . Guardadas as proporções, o espetáculo mais se assemelha aos combates da antiga Roma, quando os gladiadores, em lutas encarniçadas, travavam duelos mortais, para gáudio de uma platéia sedenta de sangue e barbárie. É quando as agressões e injúrias se sucedem, a multidão se agride trocando ofensas e impropérios, em tumulto, assomada de frenéticos espasmos e tremulações orgásticas , como se em jogo estivessem a honra e dignidade dos povos beligerantes. O grande Nelson Rodrigues, frasista de escol, mas fanático pelas práticas futebolísticas, ironicamente definira a nossa seleção como sendo "a pátria de chuteiras". Abstração feita à sonoridade da frase e ao impacto metafórico, somos forçados a convir que tal assertiva mal disfarçava sonoro escárnio e depreciativa ridicularia. Longe de desmerecer o grande dramaturgo e genial escritor,e descontado o exagero formal da assertiva, uma análise mais criteriosa da conceituação vai evidenciar que a referência nivelou fundamento e soberania nacional a mero e circunstancial evento desportivo. Releva sublinhar agora, num parêntesis, a devida ressalva: O esporte é belo e saudável, devendo seu exercício ser estimulado, em termos. Particularmente, gosto do futebol e o assisto, em casa, como arte e espetáculo, tanto que sempre o pratiquei ao longo da vida.Mas voltemos à temática em debate. Entrementes, para seu desproporcional incremento, na surdina e na calada da noite a mídia trabalha, incansavelmente. Com pertinácia e reiteração, maquiavelicamente, traça planos para fazer a cabeça e entorpecer e anestesiar a plebe ignara. É uma descomunal e gigantesca máquina publicitária, entronizando e propagandeando a espetaculosidade do evento! Formidável cadeia de jornais, rádios e televisões adrede montadas e aparelhadas para promover e faturar em cima do acontecimento, enchendo as burras dos meios de comunicação, dos cartolas, patrocinadores, espertalhões, apaniguados et caterva. Tudo em estridentes e estridulantes berrarias, sacrificando nossos pobres apêndices auditivos. É bem de ver que em países desenvolvidos, como é o caso dos Estados Unidos,o noticiário a respeito é liberto desse histerismo coletivo, cingindo-se a notas curtas e parcimoniosas. Corolário desse nosso modo de ser e de agir, a seqüela de romarias turísticas realizadas por ricaços, mais apadrinhados, bajuladores e até alguns pelados, rumo a um país-sede mais empobrecido do que o nosso, também envolto em corrupção, insegurança e alucinados e frívolos malbaratamentos.Si et in quantum, o imbecilóide local se deixa enredar, ingenuamente, pondo-se dançar travestido por amarelantes fantasias e enrolado em bandeirolas,cantarolando a mediocridade dos refrões que lhe são impingidos pelos corifeus da praça. Estupidamente fanatizado e enfocado no histriônico espetáculo, o povaréu entoa cânticos, em estribilho, tecendo loas aos "defensores da soberania nacional". Em estupor, a nação paraliza! Ninguém mais trabalha! Como se não bastassem a eterna ilusão do carnaval, a copa do Brasil e o Brasileirão de todos os dias, o ano inteiro... A culminar com o nosso pobre e explorado povo - desdentado, desassistido, espezinhado e afundado na mais triste penúria e degradante miséria -, a estufar o peito, em ufania, a gritar, "ululante": O caneco é nosso! A pátria está salva!