Povo nas ruas, nos salões, em meneios e estridências de cornetas e
tambores. Festival da carne, reinado da folia, do prazer, das beberagens, da
luxúria, da exacerbação dos sentidos, da libertinagem, do nudismo, da exposição
de seios alabastrinos, siliconados, balouçantes. Traseiros requebrando na
cadência de lúbricos anseios. E a plebe, anestesiada pelo álcool, pelas drogas,
esquece as mazelas, a pobreza de uma nação em decadência. Olvida o infortúnio da
copa perdulária, as agruras da politicalha eleitoreira. É carnaval! Descasos com
o luxo, as gastanças, fantasias mirabolantes, o mercantil desfile das escolas -
vitrine das vaidades. Frívolas criaturas, entronadas em andores plastificados,
com refulgências de luzes, tintas e papelório. Artistas empavonados, recobertos
de pelames, plumas e paetês. Irrelevantes os acidentes, os crimes, a sexualidade
promíscua, o contágio, a ressaca, o desemprego, as faltas ao trabalho. Exaltação da libido em oceanos de cerveja!
Clamores do sexo sem amor. Ilusão fugaz que precede a quarta-feira. A canseira.
Cinzas carregadas pela brisa. Agoniza a alegria, a turba já não berra! As
garrafas estão vazias. Calaram os tamborins e a tristeza, nos camarins, assiste
ao enterro da quimera. O silêncio é sepulcral: adormece, no homem, o
animal.
sábado, 1 de março de 2014
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