Disse
Rui, desconfiando que a burrice é uma ciência: de tanto ver triunfar as
nulidades e agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem há de sentir
vergonha de ser honesto! Verdade translúcida nos dias de hoje. Em flagrante
contraste com os avanços tecnológicos das nações mais desenvolvidas, nosso país
dorme em berço esplêndido, sob a letárgica e modorrenta sonolência de uma
população inculta e apassivada. Terreno fértil para a ascensão da mediocridade
imperante! Preço pago por uma geração apática, caracterizada pela frouxidão e
indiferença aos desmandos e à corrupção reinantes nos altos escalões da
república. Causa desse desmazelo, a displicência de uma minoria talentosa cujo
alheamento dá margem à ascensão de grupelhos obcecados pelas vantagens do
poder. Caterva de apaniguados composta por apedeutas obstinados pela conquista
de cargos, via de regra obtidos à custa de compadrismos e bajulações.
Entrincheirada, essa camarilha ergue inexpugnáveis fortalezas para salvaguarda
dos proveitos auferidos, frutos do arrivismo e da esperteza de uma casta
envilecida. Deplorável conclusão: o poder quase nunca é obra da inteligência!
Para subir é imprescindível o jargão da burragem! Poucos os escolhidos, só os
que rezam pela mesma cartilha dos pregoeiros do ludíbrio.
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
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