sábado, 30 de abril de 2011
ANGÚSTIA DA ESPERA
A vida é mesmo assim. Estamos sempre a esperar por algo: chegada do carteiro, da promoção, da hora marcada, do bom tempo, do milagre, da cura, do amor verdadeiro... São infinitas e angustiantes as silenciosas expectativas terrenas! Passam-se os dias e ficamos nós a construir castelos de areia, a vida se escoando, lentamente, pelos ralos da cupidez e da ganância. Enredado nesse cipoal de aspirações, o ser humano persiste em se mortificar num torvelinho de pensamentos que atordoam seu universo existencial. Sem se dar conta de que o bem estar e a felicidade estariam em não almejar, em ser livre, para usufruir da calmaria e do alento da suave brisa que eleva o espírito a paradisíacas culminâncias. Liberto dos casuísmos, da soberba, das ambições e do apego às coisas efêmeras, poderá o homem se reorientar no inextricável enredo dos tormentosos anseios e da agônica tortura dos desejos insaciáveis. Cônscio de que o emocional é que rege o infortúnio ou a bem-aventurança, o pauperismo ou a riqueza da alma. Cultuando os salutares princípios da transcendental meditação e no enlevo de dourados sonhos, tecidos com desprendimento, poderá o homem ascender aos páramos do além, despojado da sobrecarga das cobiças e dos febris anseios que atormentam e afligem o seu quotidiano.
domingo, 17 de abril de 2011
ARTE DE ENVELHECER
Envelhecer exige aprendizagem. Fins de prevenir doenças, sabido de que poucos alcançam uma velhice saudável. Hipocondríaco, o homem se entope de remédios, para regozijo dos fabricantes das drogas farmacológicas. Serão tais mazelas resultantes do abandono da alimentação natural? Ou do consumo de produtos industrializados? Malgrado a evolução tecnológica, males incuráveis continuam a afligir a humanidade. Raros chegam à velhice livres das virulências que intoxicam suas combalidas carcaças. A fórmula estaria implícita em adágio latino, sempre negligenciado: “Mens sana in corpore sano”. Quanta sapiência inserta numa breve sentença! A mente rege o corpo! O vivente costuma ser traído pelas emoções, intercambiando conflitos que haverão de minar seu organismo. Osho, iluminado mestre indiano, foi mais além, ao doutrinar que a natureza cobra o que lhe é devido. Segundo ele, o ser humano somente é válido enquanto potencializa forças para reprodução da espécie. Desde que dotado de energia e aptidão física para o efetivo exercício das suas faculdades reprodutivas. Si non é vero... Por via das dúvidas, conviria zelarmos pela preservação da libido e do pleno vigor da nossa capacidade procriativa. Lançando nossa embarcação ao mar, vela enfunada, tocando o remo devagar...
terça-feira, 12 de abril de 2011
INCÚRIA E NEGLIGÊNCIA
Fruto da incompetência, reina a impunidade, matriz da insegurança. A inimputabilidade do menor é uma excrescência. Moleques assaltam e matam, friamente, à luz solar. Para sustentar o vício, cometem barbarismos e atrocidades. Relhaço e cadeia neles! Daí aparecem os paladinos dos direitos humanos, em defesa dos “pobres” marginais. De nada serve recolher esses desvalidos a entidades assistenciais, faculdades do crime. Estupradores e assassinos, drogados também, perambulam nas sombras, à espreita de suas desamparadas vítimas. Tolerância zero, a saída. Policial nas ruas? Raridade! Delegacias desguarnecidas, efetivos reduzidos, falta de combustível, veículos e armamentos virando sucata... E as populações, desarmadas, enclausurando-se atrás de muros e grades eletrificadas. Sabido que o problema é social, com solução para as calendas gregas. Pelo menos enquanto os governantes persistirem na dilapidação do patrimônio público, malbaratando recursos e dando prioridade a ostentações e supérfluos gastos, tais como privilégios aos seus confrades, acintosas reformas, portentosas construções, aquisição de luxuosos veículos e aeronaves, de par com o criminoso desvio de verbas para a copa do mundo, via financiamento com dinheiro público, destinado à construção de imponentes estádios futebolísticos. Tudo isso, pasmem, vindo em detrimento da saúde, educação e segurança, primaciais deveres do Estado, assentes em princípio constitucional sempre negligenciado.
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