A vida é mesmo assim. Estamos sempre a esperar por algo: chegada do carteiro, da promoção, da hora marcada, do bom tempo, do milagre, da cura, do amor verdadeiro... São infinitas e angustiantes as silenciosas expectativas terrenas! Passam-se os dias e ficamos nós a construir castelos de areia, a vida se escoando, lentamente, pelos ralos da cupidez e da ganância. Enredado nesse cipoal de aspirações, o ser humano persiste em se mortificar num torvelinho de pensamentos que atordoam seu universo existencial. Sem se dar conta de que o bem estar e a felicidade estariam em não almejar, em ser livre, para usufruir da calmaria e do alento da suave brisa que eleva o espírito a paradisíacas culminâncias. Liberto dos casuísmos, da soberba, das ambições e do apego às coisas efêmeras, poderá o homem se reorientar no inextricável enredo dos tormentosos anseios e da agônica tortura dos desejos insaciáveis. Cônscio de que o emocional é que rege o infortúnio ou a bem-aventurança, o pauperismo ou a riqueza da alma. Cultuando os salutares princípios da transcendental meditação e no enlevo de dourados sonhos, tecidos com desprendimento, poderá o homem ascender aos páramos do além, despojado da sobrecarga das cobiças e dos febris anseios que atormentam e afligem o seu quotidiano.
4 comentários:
Caro Jayme.
Muito pertinente e contemporâneo o texto. Vivemos realmente o ontem e o amanhã. Esquecemo-nos de viver o que é mais importante: o hoje.
Parabéns pela eterna lucidez.
Prezado Weimar:
Grato pelas atenciosas palavras. Partindo de quem parte, do brilho e da fulgurância dessa inteligência participativa e atuante, teu comentário serve como incentivo e estímulo para que a gente continue a escrever sobre as coisas do quotidiano. Tua leitura muito me orgulha e desvanece.
Fraternal abraço.
, Jayme
Dr. Piva
Esquecestes da angústia pela espera do email, comunicação sutil, sem hora pra chegar, a nos surpreender pela demora ou ausência da chegada, quando ao abrir o CP nada encontrar na "caixa de entrada".
É a espera da msg do filho que mora em outra cidade, da filha que está viajando ou de algum email especial.Inconstante modernidade, que muitas vezes atrapalha a tranquilidade de nossos dias com constantes perguntas rodando em nossa cabeça: Por que não escreveu? Será que o email se perdeu ?
E tem o celular ... a ... o celular.Tá na caixa postal ! não atende ! Não responde a msg ! Está fora de área! Terá acontecido alguma coisa ?
Bons tempos quando nada disso existia e a gente não ficava a esperar pela notícia, pelo retorno, afinal era só pelo correio e nem sempre o "orelhão" da esquina estava funcionando pra poder telefonar. A informação imediata não existia e tranquilamente se esperava, sem aflição, sem temores e a vida andava calma, dava para curtir o momento, éramos livres.
Talvez tenhamos de voltar um pouco ao passado, esquecendo a mesa do CP e o celular na gaveta...Abraço. Vanilda
Olá Vanilda: Sempre é bom receber teus inteligentes comentários. Concordo contigo, mas lembro que as esperas são infinitas, assim como a do juízo final. Realmente, seria mesmo muito bom voltar ao passado e reviver aqueles momentos felizes que ficaram na saudade. Distantes da parafernália que hoje nos aflige, assim como dos contatos meramente virtuais.
Abraço.
Jayme
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