“Curinthian”, campeão mundial, ora disputando a Copa Libertadores. Bando de loucos acorrem aos estádios, em frenéticas gritarias. Hordas passionais despendem fortunas em viagens internacionais. Alucinada, maioria baderneira e furibunda, em berraria, lota estádios de futebol, provocando arruaças, lançando foguetes e mais artefatos explosivos contra os adversários. Dias atrás, um pobre adolescente boliviano foi mortalmente ferido, vitimado por disparo de um sinalizador manuseado por um imbecilóide. Abstração feita ao trágico episódio, quem tira proveito dessa psiconeurose coletiva, verdadeira guerrilha urbana? Governo e mídia, conluiados, fomentam essa alienação, esse anestésico torpor das massas enlouquecidas, desviando-as de assuntos de maior relevo para erradicação da miséria pátria. Cartolas e jogadores faturam alto! Futebol empresarial, contratos fabulosos, atletas mercenários forram suas guaiacas, enquanto a plebe se dessangra, envilecida. O país, paralisado, sofre a inércia das ressacas, das brigas, do vandalismo e das ausências ao trabalho! Lição de lucidez transmite Borges, literato argentino, para quem os jogos deveriam ser assemelhados ao xadrez ou ao frescobol, sem veleidades ou pretensões de vitória. A propósito, ele escreveu: “O que encontro de errado nos esportes é a idéia de que alguém ganhe e alguém perca, e que esse resultado provoque rivalidades.” Jamais vou eu entender como pode a plebe, manipulada pela imprensa, contorcer-se em histéricos pruridos no exacerbado amor a camisetas propagandistas e agremiações mercantis! Pratiquei muito esporte na juventude e continuo apreciando o futebol, por diletantismo, como mero espetáculo de técnica e entrosamento. Quem dera pudesse o povo consagrar, aos prioritários interesses da nação, parcela mínima da inoperante e alheatória paixão clubista...
sábado, 23 de fevereiro de 2013
domingo, 3 de fevereiro de 2013
LITÚRGICA HOMENAGEM
Quedei-me, reflexivo e contristado, frente ao tormentoso impacto emocional decorrente da pavorosa tragédia que se abateu sobre o coração do Rio Grande. Santa Maria da Boca do Monte, cidade cultural, universitária, repleta de gente amiga e paisagens deslumbrantes! Centro ferroviário do Estado, cuja gare, outrora constelada de bares e restaurantes, foi passarela e ponto de encontro de tantos amores! Todo um passado indelevelmente enraizado na saudosa lembrança de um moço itinerante, então egresso da Santiago antiga, embasbacado com as luzes, os fulgores e rutilâncias da metrópole. Ah, os namoricos, as belas meninas do colégio Centenário! Mocidade radiosa, vibrante, esperançosa! E, agora, todo esse infortúnio, esse torturante abalo , toda uma moldura embaçada pelas nuvens, enegrecidas e fumarentas, que tisnaram de gris aquele cenário poético e multicolorido. Quanta tristeza, quanto amargor! Abatido pelo sinistro episódio, registro o meu pesaroso sentimento de aflição e solidariedade às famílias enlutadas, aos amigos, colegas e mais pessoas consternadas pelas dolorosas perdas. De outra parte, que não se fale em fatalidade! O funesto evento foi fruto e conseqüência do descaso, da negligência dos organismos a quem incumbiria zelar pela segurança e proteção dos freqüentadores da malsinada casa de diversão. Apuração dos fatos e severa punição dos responsáveis, é o clamor de uma população atônita e amargurada! E que Deus se apiede das desventuradas vítimas e as acolha, com carinho, nos páramos do além. Santa Maria, chorai por nós...
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