“Curinthian”, campeão mundial, ora disputando a Copa Libertadores. Bando de loucos acorrem aos estádios, em frenéticas gritarias. Hordas passionais despendem fortunas em viagens internacionais. Alucinada, maioria baderneira e furibunda, em berraria, lota estádios de futebol, provocando arruaças, lançando foguetes e mais artefatos explosivos contra os adversários. Dias atrás, um pobre adolescente boliviano foi mortalmente ferido, vitimado por disparo de um sinalizador manuseado por um imbecilóide. Abstração feita ao trágico episódio, quem tira proveito dessa psiconeurose coletiva, verdadeira guerrilha urbana? Governo e mídia, conluiados, fomentam essa alienação, esse anestésico torpor das massas enlouquecidas, desviando-as de assuntos de maior relevo para erradicação da miséria pátria. Cartolas e jogadores faturam alto! Futebol empresarial, contratos fabulosos, atletas mercenários forram suas guaiacas, enquanto a plebe se dessangra, envilecida. O país, paralisado, sofre a inércia das ressacas, das brigas, do vandalismo e das ausências ao trabalho! Lição de lucidez transmite Borges, literato argentino, para quem os jogos deveriam ser assemelhados ao xadrez ou ao frescobol, sem veleidades ou pretensões de vitória. A propósito, ele escreveu: “O que encontro de errado nos esportes é a idéia de que alguém ganhe e alguém perca, e que esse resultado provoque rivalidades.” Jamais vou eu entender como pode a plebe, manipulada pela imprensa, contorcer-se em histéricos pruridos no exacerbado amor a camisetas propagandistas e agremiações mercantis! Pratiquei muito esporte na juventude e continuo apreciando o futebol, por diletantismo, como mero espetáculo de técnica e entrosamento. Quem dera pudesse o povo consagrar, aos prioritários interesses da nação, parcela mínima da inoperante e alheatória paixão clubista...
sábado, 23 de fevereiro de 2013
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