quarta-feira, 18 de julho de 2012

JUÍZO FINAL



Tarde gris, clima hibernal, pensamento vagando ao embalo das frias ondas do mar. Recessão, folhas levadas pelo ruflar do velho vento vagabundo. O Inexorável ciclo do tempo a transmudar cenários nas deslumbrantes telas da criação. Esmaecer da genialidade artística, sublime obra da geração espontânea do universo, pincelada em matizes de cores, rutilâncias e resplendores então realçados por refulgentes luares e clarões de sol. Lástima que o homem não saiba valorizar os encantos dessa moldura! Os reluzentes coloridos da natureza jazem desbotados e pendem para o cinzento, não só pela invernia, como, também, por efeito da devastação das matas e poluição dos rios. Sintomática imolação das pequenas coisas que alegravam nossa existência em noites cálidas de verão, já não mais iluminadas pelo poético cintilar de vagalumes. Cigarras calaram o estrídulo do seu belo cântico matinal ou crepuscular! Também os sabiás emudeceram os afinados gorjeios musicais que davam alvíssaras ao nosso despertar! São premonitórios de um futuro sombrio, prenunciando tormentosos flagelos e calamidades. Todavia, é tempo ainda de exorcizar esse lúgubre panorama através da premente erradicação da miséria e da obtusidade de uma população entorpecida, que chafurda no lixo e persiste na criminosa sanha de destruição da flora, num flagrante atentado à preservação das espécies que habitam a natureza.

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