Levar
vantagem em tudo, a regra. Desapego, hoje, figura de retórica! Criaturas
voltadas para si, ególatras por ambição. Venerado como um deus, o vil metal
rege o conturbado viver de uma maioria fixada em poses e aparências. Pobres de
espírito, ensimesmados, a se enlamear no lodaçal das suas vaidades. A vaguear,
obcecados pela imagem refletida nos olhos dos outros. Caprichoso, o destino
cedo ou tarde irá despertá-los do torpor dessa miragem. A empáfia e a arrogância
próprias desse frívolo proceder trazem à baila o escárnio de Fernando Pessoa: ”nunca
conheci quem tivesse levado porrada...”
Ou a ferina ironia de Schopenhauer ao relatar os atos de execução de um
condenado à morte que havia solicitado,
como último desejo, lhe fosse permitido tomar banho e fazer a barba. Indagava o
filósofo: que importância teria, para um imbecil in extremis, o que dele poderiam pensar os assistentes, - um bando
de paspalhos? Coloco em realce tais enfoques
para evidenciar os males que infernizam o existencial, advindos da soberba,
ganância e emulações, abundantes nas relações interpessoais. Na vã esperança de
que este libelo contra essas aberrações há de contribuir para um ideal
fortalecimento dos sagrados laços de afetividade e fraternal convívio no âmbito
familiar e societário.
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
A CARNE É FRACA
Oportuna
abordagem na semana farroupilha.
Pesquisas científicas advertem: a carne vermelha é cancerígena e
prejudicial ao coração! Seu consumo reduziria em 20% o tempo de vida, segundo
testes realizados em 120 mil pessoas, desde 1980. Pobres de nós, míseros
mortais cultores da churrasqueada domingueira, gordas costelas e suculentas
picanhas dourando na brasa, enquanto a caipira corre solta e geladas loiras
molham a prosa, ao compasso de milongas, risos e celebrações que acompanham o
sagrado cerimonial gauchesco. Desconheço
algo mais aromático e provocativo do que o churrasco do vizinho! É quando se
inflam as nossas narinas, olfateando assados ao espeto, nossas bocas salivantes em
agônicas frustrações da gula ensandecida. Nenhuma festança se iguala a esse
sacrossanto ritual do pago. Mas qual!
Agora querem nos tirar até esse prazer?
Sei bem do cruento sacrifício dos pobres animais abatidos em holocausto
aos nossos famélicos instintos. Nem ignoro os malefícios da cruel matança, do
veneno dos antibióticos e das toxinas!
Mas a carne é fraca! Consolemo-nos, então, em última instância, com os
carnais folguedos de alcova, regados a loiras em temperatura ambiente! Esses sim, tidos como salutares, consagrados à quintessência do supremo gozo universal.
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