sexta-feira, 19 de setembro de 2014

VANITAS VANITATEM



Levar vantagem em tudo, a regra. Desapego, hoje, figura de retórica! Criaturas voltadas para si, ególatras por ambição. Venerado como um deus, o vil metal rege o conturbado viver de uma maioria fixada em poses e aparências. Pobres de espírito, ensimesmados, a se enlamear no lodaçal das suas vaidades. A vaguear, obcecados pela imagem refletida nos olhos dos outros. Caprichoso, o destino cedo ou tarde irá despertá-los do torpor dessa miragem. A empáfia e a arrogância próprias desse frívolo proceder trazem à baila o escárnio de Fernando Pessoa: “”nunca conheci quem tivesse levado porrada...””  Ou a ferina ironia de Schopenhauer ao relatar os atos de execução de um condenado à morte  que havia solicitado, como último desejo, lhe fosse permitido tomar banho e fazer a barba. Indagava o filósofo: que importância teria, para um imbecil in extremis, o que dele poderiam pensar os assistentes, - um bando de paspalhos?  Coloco em realce tais enfoques para evidenciar os males que infernizam o existencial, advindos da soberba, ganância e emulações, abundantes nas relações interpessoais. Na vã esperança de que este libelo contra essas aberrações há de contribuir para um ideal fortalecimento dos sagrados laços de afetividade e fraternal convívio no âmbito familiar e societário. 

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