terça-feira, 24 de maio de 2011

INSEGURANÇA E IMPUNIDADE


“Te acordás hermano, que tiempos aquellos”! Lembro do meu Santiago antigo, quando inexistiam grades e as pessoas eram confiáveis, com a mais valia do fio de barba selando tratativas. Tempos de cadeiras nas calçadas, prosas à luz da lua, com as casas de janelas abertas e portas escancaradas para a rua. Eram noites de encantamento, sob o céu mais lindo e estrelejado que um vivente já descortinou. Em contrapartida, salta aos olhos o quadro contristador dos nossos dias. A insegurança campeia, sob o manto da impunidade. Os marginais roubam e matam com requintes de selvageria e perversidade. Urge modificar a legislação vigente, estipulando-se penas draconianas para os delinqüentes. Cadeia e relhaço neles, sem contemplação! Por sua vez, a droga é mercadejada até mesmo sob os auspícios de parlamentares. Faz-se vista grossa ao contrabando de armas, cujos arsenais atravessam livremente as nossas fronteiras, municiando e tornando imbatíveis os infratores. Claro, os responsáveis por essa desdita estão bem acobertados, assistindo de camarote ao funambulesco espetáculo de um país em derrocada. Cercados e protegidos por seguranças, circulam em seus carrões blindados, ridentes e fagueiros, enquanto a população, desamparada, clama e geme por dias mais tranqüilos.

Um comentário:

Weimar Donini disse...

Caro escritor e conterrâneo Jayme.

Parabenizo-o por mais esta brilhante contribuição e aproveito a oportunidade de também congratular-me com sua inspirada crônica publicada no "Expresso Ilustrado", nominada "Ensaio sobre o torpor".
Concordo e filio-me a seu parecer; em nossa sociedade muitas das chamadas "informações" televisivas, radiofôncas e jornalísticas são na verdade uma descarada e despudorada lavagem cerebral onde só é mostrada uma parte da verdade. Como é sabido existe pelo menos 3 verdades: a minha, a sua e a verdade "verdadeira"! Na imprensa (a voz do dono), ao colocar apenas uma versão, certamente não atua democraticamente. É uma manifestação claramente maniqueísta. Falta o contraditório, o embate, a procura da verdade verdadeira.
Por estas e por outras seleciono com muito rigor minhas leituras. Noticiários televisivos, nem pensar! Eliminei-os totalmente, a exemplo do que já fazia com outros BBBBs e novelas da vida.
Grato por sua lucidez, vivência, conhecimento e profundidade intelectual. Grato por transmiti-los a nós em raras e proveitosas oportunidades.