quinta-feira, 9 de junho de 2011
ODE AO ÓCIO
“Comerás o pão com o suor do teu rosto”! Preceito bíblico questionável. Castigo infligido ao pecado original, historinha pueril, fonte maleva da repressão sexual. Etiologia das neuroses e mais doenças psicossomáticas. A sentença imperativa do trabalho decorreu da comilança da maçã (gen 3.19). Pena por demais severa imputável à degustação de fruta prazerosa e saudável! Em contrapartida temos o ócio, a quem os gregos consagravam como a mais pura atividade espiritual. Empregavam o contraponto “nec-ocio” (negócio) para atividades lucrativas, tidas por desprezíveis. Os nobres de antanho consideravam indigno o trabalho, que então só era exercido pela plebe e pelos escravos. A civilização perverteu o sentido e inverteu conceitos. Aristóteles chegou a afirmar que “a felicidade parece residir no ócio”. Assim equiparado a uma existência livre, solidão por companheira, subproduto da criatividade. Fazendo remissão ao mandamus divino, bom mesmo é comer sem fazer força nem transpirar. Prova cabal dessa assertiva o exemplo do planalto brasiliense, a colocar por terra a ilusória assertiva de que o trabalho dignifica e enobrece. Lá predomina o ócio. É onde viceja o mais fidedigno representante de uma privilegiada casta deitada em berço esplêndido, a fazer turismo e a mamar nas combalidas tetas públicas.
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