quinta-feira, 23 de junho de 2011

CARPE DIEM


Desiludido com a alienação e miséria reinantes, ensarilhei armas buscando refúgio no aprimoramento interior. A despacito, penso ter evoluído: tornei-me agnóstico, hedonista e adepto do carpe diem. Sócrates já preconizara: conhece-te a ti mesmo. Esse o caminho! Cioso do aqui e agora e convicto de que a ninguém é dado saber do dia de amanhã. Nem de onde viemos nem para onde vamos. A vida é fugaz, a morte é certa e a mocidade mera fase de transição. Cedo ou tarde, é fatal, nossa transmutação para macróbios há de sobrevir. Aquele que não envelheceu é porque virou defunctus. Aleluia, então! Vivamos o presente, colhamos o dia atual, menos preocupados com o porvir e cientes de que saúde e liberdade constituem a suprema glória, pressupostos da sonhada felicidade. Tudo o mais é passageiro. Inclusive nós outros, pobres mortais, obstinados em não encarar a realidade da finitude humana, porque aferrados a questiúnculas, posses e frívolas vaidades. Saudosismo de lado, a vida perdeu em qualidade quando a ambição ganhou espaço. Houve tempo em que navegávamos num mar de rosas, vida leve, a favor dos ventos. Não existia inflação nem o acirrado animus de investir, que amesquinhou as criaturas com a sofreguidão da poupança e o pensamento voltado só para o amanhã, que talvez nunca chegue...

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