segunda-feira, 22 de agosto de 2011

CONVITE AO DESPRAZER


Drogas e o tráfico, permanente assunto da atualidade. FHC defendeu a descriminalização do uso da maconha. Declaração polêmica e controversa! Arguiu a falência do sistema, sustentando alavancar a disseminação da droga, com aumento da traficância. Fenômeno similar, acrescento, ao avanço da corrupção e da safadeza: há dois mil anos as religiões pregam o amor ao próximo, sem resultado. Parece ter soado o alarme da inoperância da política de retaliação, que estaria a exigir uma correção de rumos. A sociedade, forjadora de conflitos, fomenta o consumo da droga, como recurso extremo para apaziguar angústias. Mazelas agravadas por problemas familiares, indiferença, baixa estima, competição... Brutais os males intercorrentes: formação de gangues, promiscuidade, violência, morticínio! Sob o influxo da droga, mata-se friamente, com requintes de perversidade; assaltos, sequestros e estupros são perpetrados sob o estigma do vício! Descriminalizar, dizem, não significaria legalizar. Cogitar-se-ia apenas de normatizar o cultivo e o consumo da maconha. Verdade que não é prazer aquilo que se reconverte em dor. Impenderia investigar os fatores determinantes dos desajustes psicossociais, represando a compulsiva fuga da realidade, o convite ao desprazer. Regulamentado o uso da erva e seu cultivo, há quem alegue resultaria a redução do número de dependentes. A tese não é de todo convincente. Sem usuário, não há droga! Eis aí o fulcro da questão. Impõe-se redobrar a vigilância fronteiriça e redirecionar o enfoque para reprimir consumo, através de campanhas educacionais e aplicação de penas alternativas aos dependentes. Utopia? Sonho de uma noite de verão? Desgraçadamente, prospera um forte comércio da droga, bem acobertado por inconfessáveis interesses de poderosos, mancomunados com quadrilheiros e traficantes.

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