quinta-feira, 18 de agosto de 2011

NA ROLETA DA VIDA


A invenção da roda constituiu progresso e convite à obesidade. Com refinada ironia, alguém disse: o cavalo já foi um erro... Automóvel, sonho e fantasia do brasileiro! Antes, propriedade exclusiva de abastados; hoje, objeto de consumo ao alcance da maioria. Símbolo de poder e ascensão social! Corolário disso: sedentarismo, ruas abarrotadas, engarrafamentos, ruídos infernais, emissão de gases tóxicos e asfixiantes, empestando a atmosfera. Coquetel de malefícios, cujos prejuízos orgânicos e emocionais trazem danos à saúde e ao erário. O tropel de mortandade, que o carro acarreta, pode ser equiparado aos extermínios por armas de fogo! A progressiva potência acelerativa dos novos motores possui similitude com máquinas mortíferas, em mãos de irresponsáveis! Impõe-se, assim, a educação de trânsito nas escolas, a necessidade de melhor critério seletivo para habilitações, bem como a exigibilidade de rigorosos testes psicológicos para futuros candidatos. Apesar dos pesares, eu me confesso cativo admirador dos veículos automotores, da sua aerodinâmica, funcionalidade e conforto. Acima de tudo, da faculdade que nos proporcionam de esvoaçar caminhos, galgar distâncias e aproximar espaços, ao embalo de asas libertárias, tangidas pelo estrídulo ruflar dos ventos estradeiros.

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