sexta-feira, 4 de novembro de 2011
MESA DE BAR
Copos de uísque na mão, amigos refletem sobre os tempos modernos. Entre um gole e outro, envoltos pela fumaça dos cigarros, deblateram contra a libertinagem e fim do romantismo. País sem memória, sustenta um: americanizado, com linguajar e trejeitos imitativos dos costumes alienígenas; baladas, DJs, música eletrônica, poluição sonora, ridículos requebros, sexo promíscuo, drogas... Já o outro, desiludido, critica as mulheres de hoje: maioria padronizada, como se saídas de uma mesma linha de montagem e fabricação em série; equilibradas em pernas de pau e desvestidas da simplicidade dos vestidos que antes ornavam suas majestosas silhuetas. Feitas essas colocações, mais doses duplas do precioso líquido, ambos mergulham em nostálgicas recordações dos idílicos romances de outrora, da música brasileira, dos bailes em que os pares dançavam bem agarradinhos, ao som de afinadas orquestras e ao embalo de sussurros entrecortados por ternas declarações de amor, ciciadas aos arrepiados ouvidos das perfumosas donzelas. Piscar de luzes e arrastar de mesas põem fim ao colorido sonho! Sinalizam o adiantado da hora e fechamento do bar. Sorumbáticos e deprimidos, pagam a conta e se despedem, identificados pela mesma agônica e torturante saudade de um tempo feliz que não volta mais...
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