quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A CIDADE E AS SERRAS


Eça de Queirós, renomado autor lusitano, escreveu, décadas atrás, notável obra intitulada “A Cidade e as Serras”. Nela, debatia o conflito do viver citadino, em antítese à vida campestre, distante do luxo e das frivolidades urbanísticas. Malgrado o tempo decorrido, o tema continua atualizado. Evidencia o contraste entre uma vida natural e saudável, em confronto com os ruídos da cidade, o luxo, a ganância e as emulações próprias do viver em sociedade. Guardadas as proporções, tenho bem presente esse dilema: mocidade vivida na minha querida Santiago, dos áureos tempos de calmaria; após, na quadra dos vinte anos, na Capital do Estado, populosa e febricitante; hoje, já numa praia tranqüila de Floripa, envolto no silente rumor das ondas do mar e trinar dos pássaros no arvoredo. Onde o melhor lugar? Opto pelo Santiago antigo, de par com meu atual rancho praieiro. Corolários de um viver desapegado das coisas materiais. O ideal ressuma na simplicidade, na reformulação de errôneos preceitos legados por antecessores enredados nos descaminhos da vida. Acertados, quem sabe,estariam índios e povos nômades, porque libertos dos confinamentos e do ilusório conceito de propriedade, tolhedores do anseio de um voejar mais alto, olhos fitos nos páramos da beatitude universal.

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