
Para variar, uma história de amor, fantasiosa e imaginativa. Semelhanças com pessoas ou circunstâncias, mera coincidência, tal como narrada: “Solitário e amargurado, ele sofre com as recordações de um passado remoto, o pensamento voltado para uma bela mulher que um dia cativou. Como num sonho, ensimesmado, revê aquelas curvilíneas formas envoltas numa aura de resplendente formosura. Relembra, nostálgico, da vez primeira em que a possuiu, ela toda feita de carinho, encarnação do pecado, do recato e da luxúria! Enfeixava ela, no seu universo corpóreo e espiritual, excelsas virtudes que realçavam sua fulgurante personalidade. Especialmente, quando, na intimidade das carícias, pálida e ofegante, ela se entregava, estremunhada, à sofreguidão e ao enlevo das primícias amorosas. Estigmatizado pelo remorso, ele hoje deplora a covardia de então, ao refugar comprometimentos. Sestroso e cheio de vaidades, passara a guardar distâncias dela, aconchegado em outros braços, depreciando a dádiva da conquista. Para concluir, tardiamente, agora: só a inclemência do tempo, com suas mudanças, ensina a valorizar pessoas e fatos marcantes da existência, enraizados no inconsciente, fazendo com que a alma se dessangre em culpas e contrições, na agônica tortura de cruciais padecimentos...”