Lembro fase dourada na minha Santiago antiga. Depois, quadra dos vinte anos, numa Porto Alegre poética, dos rangentes bondes, dos bailes embalados pelo samba-canção, boleros e cuba libre. Rua da Praia efervescente, cravejada de cinemas, deslumbrante passarela onde formosuras perfilavam suas graças! No calçamento da rua, turbas de marmanjos se postavam, atentas ao mágico desfile! Praça da Alfândega, refúgio de notívagos que varavam madrugadas, em prosas intermináveis, livres de achaques ou importunações. Confeitarias, clubes sociais, restaurantes de seleta frequência cortejada por música ao vivo, afinadas orquestras executando tangos arrabaleros. Voluntários da Pátria, constelação feérica de cabarés boêmios, estrelejada pela sensualidade e meneios de enluaradas percantas, revoluteando ao som de compassos milongueiros. Poético cenário valorizado pelo semanal encontro dos conterrâneos santiaguenses, para os abraços, libações etílicas e fanfarronadas. Saudosismo? Inegável a perda da qualidade de vida a contrastar com uma época de calmaria, gente engravatada, elegante, respeitosa, que a inexorável linha do tempo se encarregou de apagar! São nostálgicos resquícios emocionais esmaecidos, soterrados por um cumulativo somatório de pragas envolvendo incompetência do poder público, promiscuidade, insegurança, corrupção, consumismo, ignorância! Culminando por tornar feia e carrancuda uma cidade que já foi sorriso...
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
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