quinta-feira, 15 de julho de 2010

PERMISSA VENIA


No alvorecer do livro "Os Seios de Joana" intentei fazer um exórdio explicativo da temática escolhida, logo deixado para trás. Todavia, é tempo ainda de esmiuçar pequenas ressalvas. Considerando o erótico tema ficcional da obra, entendia pertinentes considerações outras, de ordem paralela, repontando assuntos de maior seriedade. Dizia ser consabido que o país, como, de resto, a humanidade inteira, estavam mergulhados numa crise financeira sem precedentes, gerando miséria e desemprego. Reputava não ser lícito nem moral fechar os olhos para esse tenebroso quadro. Entendia, diante dessa conjuntura,devesse qualquer matéria impressa consubstanciar, também, invectivas e denúncias relativamente a esse descalabro,em forma de libelo contra os chefes de Estado e mais politiqueiros responsáveis. Mas o que tem a ver o cós com as calças, haverão de perguntar. Será que o cara endoidou? Pois se o título e a tematologia da obra tinham cunho erotômano, por que viria ele agora se travestir de peripatético filósofo de arrabalde? Pois em verdade vos digo: é para que, incorrendo num falso e precipitado juízo, eventuais leitores não me tomem por devasso ou libertino, com a mente voltada só para histórias e divagações que alguns incautos possam julgar como despudoradas, porque entremeadas de fantasiosas escaramuças sexuais.Cansei de pregar no deserto! Cônscio de que a maior parte da nossa população não é afeita a leituras, a começar pelo supremo magistrado da nação. Daí porque a mim só restou a alternativa de bater em retirada, restringindo-me a textos de maior abrangência, assentes na melhor coisa do mundo, que é o sexo amoroso.Tudo na esperança de abarcar contingente maior de leitores, alguns já monitorados pelas lascivas novelas da Globo e cenas sexuais explícitas dos enlatados norte-americanos.Tangenciando ilações mais afoitas, restou-me o consolo de emoldurar meus contos com o esmero, o capricho e o empenho por mim devotados a um fraseado mais elegante no alinhavo das excitantes narrativas sequenciais.

Nenhum comentário: