quarta-feira, 9 de março de 2011

A CIÊNCIA DA BURRICE


Borges dizia não se importar com política, despegado de motivação; Vargas Llosa defende o engajamento do escritor nas questões sociais. A maioria nada entende disso, menos ainda alguns políticóides. O escritor não deve ficar adstrito a assuntos do quotidiano, mas sim livre para levantar âncora e mergulhar em profundidades, na busca persecutória de temas abrangentes, mesclando elegância no fraseado e apuro na temática. Entre vôos e rasantes, há de se abeberar em filosofias, com eventuais incursões em temas da atualidade. A beleza da escrita está na lapidação da frase, no garimpo da palavra certa, na musicalidade da prosa, pinçando verbos e colorindo sentenças. Para isso, é preciso ler, consultar dicionários, trazendo nos ombros algum pó das bibliotecas. Em sintonia com o pensamento de Rui Barbosa, ao sentenciar que o valor de um homem mede-se das sobrancelhas para cima. Mas Rui também disse que há tantos burros mandando em homens inteligentes, que ele receava ser a burrice uma ciência. E eu, perdido na vastidão oceânica dessa burragem, desconfio que a luz de certos olhos verdes seja um farol a iluminar minha vida, reacendendo em mim a esperança pela erradicação da deletéria ignorância

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