quarta-feira, 16 de março de 2011

DE PROFUNDIS


Do Ramayama, poema épico hindu, extrai-se assertiva merecedora de difusão: “nem todo ouro do mundo, nem todo o trigo, nem todas as mulheres são bastantes para um só homem; lembra-te e resigna-te”.Quanta profundidade nessa advertência! O tema daria para elucubrações meditativas sobre as causas das inquietudes e frustrações. Felicidade não se coaduna com a aquisição de bens ou conquistas. A contrario sensu, o caminho estaria em sermos livres, sem desejar, desapegados das coisas efêmeras. Filosofia de arrabalde, dirão céticos obcecados em posses e ascensão social. Liberdade é o supremo bem, embora inatingível. Consiste na capacidade de escolhas, que são entravadas pelas leis, pelo próximo ou pelos amores. É incompatível com paixões, politicagem e fanatismos, que escravizam. Nietzsche, com sabedoria, sentenciou: onde começa o Estado, aí termina o indivíduo. Verdade incontestável. É o poder público a atropelar a vida privada dos cidadãos, com seus tentáculos, através de excrescências em forma de tributos, normas, medidas provisórias e decretos, imiscuindo-se até na esfera da sexualidade e no relacionamento familiar. Estranhável ainda exista quem compactue com a corrupção, a impunidade e a censura velada, acobertadas pelo o diáfano manto da demagogia...

Um comentário:

Giovani Pasini disse...

Grande Jayne Piva!

Só agora descobri que o amigo possui blog.

Acabei de ler o livro "Aqui me tens de regresso" e felicito-o pela qualidade da escrita.

Confesso que os relatos me deixaram com vontade de ser boêmio (mais do que eu sou).

Além de rememorar os momentos com pessoas ilustres, amigos e família, o seu livro possui um caráter intimista muito grande.

Fico feliz de Santiago ter tido um representante tão inteligente para a Feira do Livro de Santiago.

Att.