quinta-feira, 13 de outubro de 2011

NOS ESCANINHOS DA MENTE


Sabido que o passado condena, expiando culpas! No tribunal das consciências, acontecimentos passados não se furtam de sofrer julgamentos. De maneira intermitente, assomam à memória fatos que turvam o quotidiano, sentenciados por decisões irrecorríveis. Negativas lembranças obscurecem a serenidade do espírito, dando lugar a remorsos e contrições, acinzentando dias que deveriam ser ensolarados. Daí porque, volta e meia, nos penitenciamos através de questionamentos e indagações: por que não convivemos melhor com afetos que nos deixaram? Por que não nos dedicamos mais a amigos necessitados, que ficaram na saudade? Por que, desagradecidos, mal retribuímos o zelo das atenções e benesses recebidas? Por que, finalmente, não desviamos de rotas que nos levaram a tortuosos descaminhos? São tardias perguntas que se nos afligem, desnudando os despropósitos de então, nossa imaturidade e o vazio existencial. Dessas reflexões, deflui uma inarredável conclusão: somos, inexoravelmente, vítimas de pesarosos recuerdos que se avolumam em torvelinho, toldando nossa felicidade com a amargura do intempestivo retrospecto vivencial. Recordar, então, não seria viver; mas sim debater-se em tormentosos pesadelos, naufragados todos em oceânicas agonias, arrependimentos, desilusões...

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