domingo, 26 de fevereiro de 2012

MEDO DE AMAR


Para variar, uma história de amor, fantasiosa e imaginativa. Semelhanças com pessoas ou circunstâncias, mera coincidência, tal como narrada: “Solitário e amargurado, ele sofre com as recordações de um passado remoto, o pensamento voltado para uma bela mulher que um dia cativou. Como num sonho, ensimesmado, revê aquelas curvilíneas formas envoltas numa aura de resplendente formosura. Relembra, nostálgico, da vez primeira em que a possuiu, ela toda feita de carinho, encarnação do pecado, do recato e da luxúria! Enfeixava ela, no seu universo corpóreo e espiritual, excelsas virtudes que realçavam sua fulgurante personalidade. Especialmente, quando, na intimidade das carícias, pálida e ofegante, ela se entregava, estremunhada, à sofreguidão e ao enlevo das primícias amorosas. Estigmatizado pelo remorso, ele hoje deplora a covardia de então, ao refugar comprometimentos. Sestroso e cheio de vaidades, passara a guardar distâncias dela, aconchegado em outros braços, depreciando a dádiva da conquista. Para concluir, tardiamente, agora: só a inclemência do tempo, com suas mudanças, ensina a valorizar pessoas e fatos marcantes da existência, enraizados no inconsciente, fazendo com que a alma se dessangre em culpas e contrições, na agônica tortura de cruciais padecimentos...”

2 comentários:

Anônimo disse...

Este é um dos males do passar do tempo... Embora ficar velho (ou melhor, antigo)e a permanência por estes caminhos da vida seja uma benção, recordar o que ficou para trás sempre nos traz algumas dúvidas:
E se tivesse feito assim ? Dito aquilo ? Ou não dito ? Teria sido mais feliz ? Conseguiria mais sucesso ? Teria feito a conquista ? São muitos pontos de interrogação que jamais saberemos as respostas. Lá no cantinho do coração sempre estarão as lembranças, aconchegadas, dormindo para, sei lá o porquê, uma dia acordarem, fazendo-nos sorrir e, depois, voltarem ao seu lugar nos deixando com aquela sensação de que os momentos valeram a pena !
Quando muitas vezes olho para meus filhos, fico a imaginar o que estarão pensando e se estas ocasiões que curtimos juntos eles vão recordar, quando eu não mais estiver por aqui. Desejo que sim, pois as lembranças sempre nos fazem pensar que a troca de sentimentos deixa um pouco de nós em cada pessoa que tivemos algum tipo de convivência. Que eles lembrem de mim com carinho e um pouco de saudade e o que eu gostaria ! Abraço. Vanilda

Jayme Camargo Piva disse...

Belíssimo comentário, Vanilda!
Profundas divagações, recheadas de verdades, que bem complementam o texto por mim escrevinhado.
Abraço agradecido pela atenciosa leitura e inteligentes observações.

Jayme