sábado, 29 de agosto de 2009

SENATUS DA RES PUBLICA


O nosso senado da república é um grotesco arremedo do antigo senado romano, que deveria ser a sua fonte de inspiração. Se, para os romanos, o senatus era composto por uma assembléia de notáveis, o nosso é uma caricatura. Já bem antes da crise institucional que avassala a nação brasileira, já deblaterava eu contra o bicameralismo, por considerá-lo uma excrescência. No meu livro "Aqui me Tens de Regresso", lançado há alguns anos atrás,já enfatizava que a existência de duas casas legislativas só interessava aos profissionais da política, aos politiqueiros de plantão. Ciente de que tal sistema só servia à politicagem rasteira , sabido que, quanto mais vagas, mais cargos sinecuristas a serem preenchidos aos apaniguados. Agora, tendo em mira a crescente desmoralização do senado, entronado pela escória da nação,sou cada dia mais adepto e defensor do unicameralismo. Pergunto, para que o dualismo existencial de câmara e senado, numa brincadeira de jogo de empurra, barganhas fisiológicas, alternâncias de sessões e infinita postergação de medidas e providências que estariam a exigir dinâmica e imediatismo para sua aprovação? Acaso seria para engordar uma legião de corruptos, formada pela politicalha e sua côrte de assessores, diretores, parentes, compadres, cupinchas e mais amigos dos amigos do rei? A população não se dá conta, mas somente o senado encadea cerca de cento e um diretores de nada, todos sem fazer coisa alguma, cada um percebendo altos proventos, secundados por mais de três mil(!) cargos comissionados, todos eles aquinhoados por altos salários. E o que não dizer da câmara de deputados, composta por mais de quinhentos "picaretas" segundo antiga conceituação do supremo mandatário do país? Faz idéia o leitor de quantas mordomias, cargos comissionados e mais miríades de famélicos aproveitadores que também lá coexistem, sôfregos, vampirescamente a sugar os combalidos cofres da nação? Voltando ao senado, a coisa por lá deve ser tão boa que ninguém quer largar o osso. Aferram-se aos cargos, com unhas e dentes. Sarney, se tivesse algum resquício de dignidade, há muito teria renunciado, sabendo que o povo inteiro clama pelo seu banimento. Não obstante, lá se perpetua, agora sustentado por Lulla, Collor, Renan et caterva.Chegamos ao fundo do poço. Já foi um despautério o arquivamento das onze representações contra Sarney. O congresso acaba de aprovar a multiplicação progressiva dos vereadores, acarretando sobrecarga de maiores e vultosas despesas para os cofres públicos e multiplicação de sinecuras.Quer dizer, o governo quer se eternizar, através de cambalachos eleitoreiros , para manutenção dos seus apadrinhados. Lulla, aquele que nada viu e nada sabe, de há muito que não governa e se esbalda em manifesta e visível campanha eleitoral, acobertado pela conivência de quem deveria zelar pelo cumprimento da lei e que finge nada enxergar. Para arrematar, a culminância da absolvição de Palocci, numa decisão política recém perpetrada pelo Supremo Tribunal Federal, influenciada pelo suspeitíssimo voto do seu presidente e ministro relator, Gilmar Mendes. Palocci, todo mundo sabe, não é flor que se cheire, tanto que responde a uma cadeia de processos de natureza vária, acoimado de malversação e irregularidades de toda ordem, na sua vida pública. Mas é o braço direito de Lulla. Sem esquecer que o presidente do STF, como, de resto,a maioria dos ministros integrantes da suprema côrte, é constituída por homens da confiança e politiqueira indicação do Presidente da República...
Pobre pátria brasileira!

Um comentário:

Camila disse...

Não tenho a mesma destreza com as palavras, mas estou tentando manter vivo um blog, se quiseres visite-o!
http://www.milafloripa.blogspot.com